MANIFESTO DE FUNDAÇÃO COLETIVO A VERDADE LIBERTA

MANIFESTO DE FUNDAÇÃO COLETIVO A VERDADE LIBERTA

Para aqueles que se propõem a seguir a Jesus honestamente, quando o assunto é política, naturalmente sua crença religiosa fica no campo particular, não vira moeda de troca para a ascensão a cargos políticos. Mas, infelizmente, os mercadores do templo (Mc 11:15-16) não existiram apenas nos tempos de Jesus. São inúmeros os casos de pastores que enriquecem e se promovem no campo da política através da manipulação de seus fiéis. Esta realidade pôde ser comprovada nas eleições de 2018. De acordo com pesquisa Datafolha, realizada no dia 27 de outubro de 2018, 58% dos evangélicos declararam voto no candidato das armas, contra 31% que preferiam votar em Haddad. A mesma pesquisa apontava que 45% dos católicos escolheram o candidato dos livros, contra 43% que declararam voto em Bolsonaro. Estes números apontam um considerável desequilíbrio em favor do candidato eleito entre os evangélicos, quase 2/3 dos votos.

É nesse contexto que surge o Coletivo A Verdade Liberta: não para levar política à religião cristã, mas para defendê-la dos coronéis da fé; da necessidade de se estabelecer um diálogo efetivo entre os evangélicos progressistas e os movimentos de esquerda, além de buscar estabelecer um consenso entre os próprios evangélicos progressistas sobre os principais assuntos que estão no centro do debate político no país. A Bíblia, ao tratar do episódio da Purificação do Templo, no livro do Evangelho Segundo Lucas, já alertava o povo de Deus a este respeito: "Depois, entrando no templo, [Jesus] expulsou os que ali vendiam, dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração. Mas vós a transformastes em covil de salteadores." (Lc 19:45-46, Almeida Revista e Atualizada).

Somos, em primeiro lugar, evangélicos e, por consequência, de esquerda, tão somente por compreender as similaridades entre os movimentos de esquerda e os ideais cristãos. Com efeito, prezamos pela nossa autonomia enquanto evangélicos e jamais negociaremos a nossa fé.

Este coletivo é suprapartidário e não tem ligações formais com igrejas específicas, garantindo assim a pluralidade de ideias para a construção de uma sociedade mais justa, pautada por uma cultura de paz e pelos princípios de amor ao próximo (Mt 22:37-39) e respeito legítimo às diferenças. O coletivo não se propõe a debater questões teológicas voltadas ao início ou fim da vida, mas essencialmente a ética cristã e como ela se manifesta no campo sociopolítico e econômico.

Nos identificamos como um coletivo progressista, por considerar que situações de injustiça social não devem ser conservadas tão somente para satisfazer aos interesses das elites, mas superadas através da efetividade do Estado Democrático de Direito e da implementação de um sistema socioeconômico que priorize o enfrentamento às desigualdades sociais, em contraposição ao sistema capitalista, que visa o lucro para poucos e gera abismos sociais cada vez maiores. A Bíblia nos dá uma visão bem clara em relação ao que se espera de um cristão no campo socioeconômico:

"Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?" (1 Jo 3:17, Almeida Revista e Atualizada).

Identificar-se como cristão ou cristã progressista tornou-se um desafio cada vez maior. E por uma razão muito simples: criou-se no país uma atmosfera que coloca grupos políticos de esquerda como inimigos dos cristãos, e essa atmosfera se dá, principalmente, por meio da divulgação massiva de informações falsas - as famosas fake news, que deturpam os valores defendidos pela esquerda, sempre apresentando-os como o que há de pior na humanidade. Ao mesmo tempo, nem todos os cristãos conseguem contextualizar e compreender quando uma crítica social é feita através de discursos, manifestações, intervenções artísticas, além de outros meios e, junto às fake news, facilmente abre-se espaço para um clima de caos em que, por ingenuidade, ignorância ou hipocrisia, uma pequena parcela dos cristãos passam a aderir aos ideais propagados por grupos de extrema direita, o que faz com que uma parte dos simpatizantes e agentes políticos de esquerda generalizem todos os cristãos em um pacote só. Em resumo, cristãos progressistas são criticados por seus pares na religião e, igualmente, criticados por seus pares no campo político.

Em um momento em que o fascismo bate à nossa porta, não podemos vivenciar tal situação sem ao menos propor um possível caminho para a desconstrução do falso evangelho, que infelizmente tem servido como pano de fundo para a promoção de partidos políticos pautados por ideais anticristãos. São estes os princípios que seguimos e que sustentam as nossas ações enquanto cristãos que buscam seguir a Jesus em justiça e verdade.

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